As vítimas algozes

Vitimas Algozes



☼O livro

As Vítimas-Algozes é, ao seu modo, um romance abolicionista. Não daquele abolicionismo que encontramos nas obras dos poetas acima relacionados. Como explica Macedo, na nota “Aos Nossos Leitores”, não lhe interessou, nas “educativas” e “moralizantes” histórias que entregava aos consumidores de sua vasta obra, pintar “o quadro do mal que o senhor, ainda sem querer, faz ao escravo”, mas, sim, o “quadro do mal que o escravo faz de assento propósito ou às vezes irrefletidamente ao senhor”. Dito de maneira mais direta, o romance antiescravista de Macedo quer convencer os seus leitores de que é preciso libertar os escravos não por razões humanitárias, mas porque os cativos, sempre imiscuídos nas casas-grandes e sobrados, introduzem a corrupção física e moral no seio das famílias brancas.
Na obra o autor expressa a idéia de que a escravidão faz vítimas algozes e deve ser gradualmente extinta, sem prejuízo para os grandes proprietários de terra. Num tom conservador e usando personagens como a escrava Lucinda, o autor defende a tese de que a escravidão cria vítimas oprimidas socialmente, mas com uma perversão lógica, imoral e com influência corruptora.


☼Informações Gerais
Foi escrito na segunda metade do século XIX, em 1869, 19 anos antes da Abolição da Escravidão.

O livro pertence ao Romantismo.
Foi o livro mais atacado pela crítica durante o período romântico
É, ao seu modo, um romance abolicionista.
O romance antiescravista de Macedo quer convencer os seus leitores de que é preciso libertar os escravos não por razões humanitárias, mas porque os cativos, sempre imiscuídos nas casas-grandes e sobrados, introduzem a corrupção física e moral no seio das famílias brancas.


Expressa a idéia de que a escravidão faz vítimas algozes e deve ser gradualmente extinta, sem prejuízo para os grandes proprietários de terra.  
O autor defende a tese de que a escravidão cria vítimas oprimidas socialmente, mas com uma perversão lógica, imoral e com influência corruptora.
Denuncia que, se o escravo é inegavelmente vítima de um regime desumano, a sua presença igualmente desagrega a sociedade branca no que ela teria de mais recomendável.

☼Personagens que desfilam nas histórias:

O negro feiticeiro , o moleque traiçoeiro,  a escrava assassina,  as negras que se amasiam com seus patrões, a mucama lasciva,  os negros desocupados dos botequins e os mulatos espertalhões.
Enfim, tipos que demonstram ao leitor o qu.ão comprometedor da estabilidade social era a presença do escravo na intimidade doméstica



☼Objetivo político

Tentativa de obrigar os leitores a encarar de face, a medir, a sondar em toda sua profundeza um mal enorme que afeia, infecciona, avilta, deturpa e corrói a nossa sociedade, e a que nossa sociedade ainda se apega semelhante a desgraçada mulher que, tomando o hábito da prostituição, a ela se abandona com indecente desvario.

A escravidão é cancro social, que se não extirpar (...) sem dor; mas o adiamento teimoso do problema agravaria o mal, pois o país poderia ter de enfrentar a emancipação imediata e absoluta dos escravos, colocando em convulsão país, em desordem descomunal e em soçobro a riqueza particular e pública, em miséria o povo, em bancarrota o Estado.

☼O cenário apocalíptico

Desfile de uma galeria medonha de escravos astuciosos, trapaceiros e devassos, sempre dispostos a ludibriar os senhores e ameaçar os valores e o bem-estar da família senhorial.
os vícios ignóbeis, a perversão, os ódios, os ferozes instintos dos escravos, inimigo natural e rancoroso do seu senhor.



☼1ª narrativa - "Simeão, o crioulo" O protagonista, Simeão, perdera a mãe, que fora ama-de- leite da sinhazinha, aos dois anos, tendo sido criado pelos patrões. Até os oito anos de idade Simeão teve prato à mesa e leito no quarto de seus senhores, e não teve consciência de sua condição de escravo. Tinha algumas regalias em função disso, mas não deixava de ter o estatuto e o tratamento de escravo, fator que se agravava e se tornava mais claro conforme ele se fazia adulto.

Depois dos oito anos apenas foi privado da mesa e do quarto incomum; continuou, porém, a receber tratamento de filho adotivo, mas criado com amor desmazelado e imprudente, e cresceu enfim sem hábito de trabalho.

Devia ter 20 anos, crioulo de raça pura africana, cabelos penteados, vestido com asseio e certa faceirice, era calçado e tinha vícios de linguagem. Havia, no entanto, a expectativa de que seria alforriado quando o patrão morresse, o que não acontece, tendo este, em seu testamento, transferido a alforria certa para o momento em que a esposa falecesse.

Simeão, que já alimentava ódio contra os patrões, trama e realiza, juntamente com um comparsa, o assassinato da família toda e o saque do ouro e da prata que guardava. O quadro se reveste de maior crueldade porque os proprietários de Simeão se achavam, no íntimo, protetores bem-intencionados do mesmo, tendo, inclusive, na véspera do crime, decidido que iriam alforriá-lo imediatamente. Não eram, no entanto, capazes de questionar o sistema que os privilegiava, em todos os sentidos, e desumanizava o outro pólo (os escravos) da sociedade. Sistema que produz o ódio e o crime.

Sua personalidade era ingratidão perversa, indiferença selvagem, inimizade, raiva, vícios, era vadio, dissimulado, ladrão, tinha instintos animais e era atrevido. O autor constrói um perfil aterrorizante para o escravo, misto de tigre e serpente, de vítima e algoz, capaz de atacar quando menos se espera. Seus senhores eram: Domingos Caetano, Angélica, Florinda e Hermano de Sales. Eram bons e humanos, tinham delicadeza de sentimentos e sentimentos generosos. Honestos e trabalhadores. Simeão foi o mais ingrato e perverso dos homens.
Pois eu vos digo que Simeão, se não fosse escravo, poderia não ter sido nem ingrato, nem perverso. A escravidão degrada, deprava, e torna o homem capaz dos mais medonhos crimes.

O narrador é didata: ele explicita a conduta, a forma de agir a ser adotada pelo leitor: Se quereis matar Simeão, acabar com Simeão, matai a mãe do crime, acaba  com a escravidão.


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